Recentemente, a Cacau Show se pronunciou oficialmente após reportagens revelarem a realização de cerimônias conduzidas pelo CEO e fundador da empresa, Alê Costa, dentro do ambiente de trabalho. Essas práticas, segundo relatos de funcionários, incluíam a promoção de tatuagens iguais à de Alê Costa, com a palavra “atitude”, e a oração do “Pai Nosso” durante reuniões corporativas. A ausência nessas cerimônias era interpretada como falta de comprometimento com a empresa, levando a episódios de perseguição.
No comunicado, a empresa classificou essas atividades como “práticas espontâneas” e destacou que a oração do “Pai Nosso” é voluntária e respeitosa à liberdade de crença. Além disso, mencionou o “ritual do cacau” como uma vivência sensorial com o líquor de cacau, oferecida como experiência cultural e gastronômica, inclusive em seus hotéis.
O texto enfatiza que a Cacau Show tem uma trajetória de mais de 37 anos, construída com trabalho sério, respeito, verdade e coragem. A empresa afirma ser a maior rede de chocolates finos do mundo e a maior franqueadora do Brasil, com quase 5 mil lojas e mais de 22 mil pessoas em seu ecossistema.
Apesar do posicionamento da empresa, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo abriu um inquérito para investigar as denúncias. Funcionários e ex-funcionários relataram situações constrangedoras, como participação em rituais corporativos, e abusos como proibição de que colaboradoras engravidem, além de episódios de homofobia e gordofobia. De acordo com o MPT, o procedimento está em fase de apuração.
As denúncias apontam que a franqueadora tem uma postura de perseguição e retaliação não apenas a franqueados, mas também a funcionários e ex-funcionários que ousam falar sobre os abusos. A maioria das vítimas tem medo de denunciar e sofre em silêncio, pois a empresa é conhecida por sua mão de ferro.
Em resposta às acusações, a Cacau Show reiterou seu compromisso com um ambiente de trabalho ético, inclusivo e que valoriza a diversidade. A empresa destacou que promove um ambiente de trabalho que respeita a liberdade de crença e que as práticas mencionadas são voluntárias e respeitosas.
O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais e na mídia, levantando debates sobre a cultura organizacional da empresa e os limites entre práticas motivacionais e imposições corporativas. Muitos questionam até que ponto essas atividades são realmente voluntárias e se não há uma pressão velada para que os funcionários participem, sob o risco de serem vistos como descomprometidos.
Além disso, a situação levanta discussões sobre a importância de políticas claras de diversidade e inclusão nas empresas, bem como a necessidade de canais seguros para que os funcionários possam relatar abusos e situações constrangedoras sem medo de retaliação.
A Cacau Show, por sua vez, afirma que possui uma relação baseada em confiança e parceria de longo prazo com seus franqueados, sendo que mais de 50% deles estão com a empresa há mais de 7 anos. A empresa também destaca os investimentos realizados em logística, ampliação da fábrica e construção de um novo centro de distribuição, mesmo diante de desafios como o aumento de mais de 300% no preço do cacau e a instabilidade econômica.
O desdobramento das investigações do MPT será crucial para esclarecer os fatos e determinar se houve, de fato, práticas abusivas por parte da empresa. Enquanto isso, a Cacau Show continua a afirmar seu compromisso com a ética, a verdade e o respeito às pessoas que constroem a marca.
Este caso serve como um alerta para outras empresas sobre a importância de manter um ambiente de trabalho saudável, respeitoso e livre de práticas que possam ser interpretadas como coercitivas ou discriminatórias. A transparência, o diálogo aberto e o respeito à individualidade de cada colaborador são fundamentais para o sucesso e a reputação de qualquer organização.
À medida que novas informações surgirem e as investigações avançarem, será possível obter uma visão mais clara sobre a cultura organizacional da Cacau Show e as medidas que serão tomadas para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e respeitoso para todos os seus colaboradores.
